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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ria, pois é a verdade.

   É chato parecer redundante, mas tem um assunto que eu gostaria de revisar antes de comentar sobre a lei que proíbe o humor político. (Sim! Não vou nem mesmo me dar o esforço de fazer uma introdução para o assunto):
Argumentum ad Hominem
1 - A pessoa X possui um argumento Y.
2 - A pessoa X possui algo ou é algo criticável.
3 - Portanto Y é falso.
   É uma das formas mais básicas de uma falácia, invalidar o que uma pessoa diz, invalidando a própria pessoa. O que é o humor, se não uma falácia? Expor uma pessoa, ou uma idéia ao ridículo, para nada mais serve senão para o empobrecimento intelectual e cultural de um debate. Experimente entrar em uma escola do nível fundamental e perguntar para um guri da quinta série:
   _O que você pensa do presidente Lula Pedrinho?
   _O Lula é um idiota!
   _Ora, mas por que você pensa assim? O que ele fez de errado no governo dele?
   _Eu não sei! Só sei que ele só faz besteira, e que todo mundo fala mal dele.
   Bem observado Pedrinho. Tanto se ocupa em ridicularizar a imagem de pessoas públicas com piadas e trocadilhos de todos os tipos, que acabamos por perder o foco das coisas que realmente deve ser levadas em consideração. Qual é o cenário político que encontramos hoje? Quais são as propostas dos candidatos? Por que tanta necessidade de se fazer humor com coisas tão sérias?
   Lutar pela liberdade de expressão? Tudo bem, por que não lutamos também pelo direito de fazer apologia às drogas, ao crime; o direito de chamar os negros de pretos macacos; o direito de dizer que o homossexual é um doente e que deve de ir para a cadeia; ou ainda o direito de reproduzir qualquer idéia falaciosa e agressiva? Direito de expressão, dá direito a muitas pessoas falarem muito sobre o que não devem. O direito de expressão acaba permitindo a imprensa de invadir a privacidade alheia, e expor idéias totalmente equívocas sobre coisas que não cabe a ela tratar sobre. Quantas vidas nós teremos de esperar ser destruídas por uma mídia tendenciosa, que tem o poder de condenar um inocente pela opinião popular? Você quer o direito de expressão? Então comece a medir melhor suas palavras, pois ela tem um forte poder de influência sobre qualquer pessoa. E é justamente essa influência que torna cabível a proibição do humor político.
   Eu posso ter usado o exemplo de uma criança. Mas quantos adultos e eleitores não têm o mesmo raciocínio de Pedrinho? De tanto reproduzir uma idéia deturpada, as pessoas perdem de vista o fundamento. O prejuízo do humor é também o fato de ele provocar risos em seus leitores. Quantas verdades, por mais que cruéis, não se tornam mais aceitáveis a partir do momento em que nos permitimos rir delas. Conformismo não rima com atitude! Qual é o problema de expor a realidade de e a suas idéias sem utilizar a ferramenta do humor? Se pensa que alguém foi ridículo em alguma atitude, então assim o diga:
   _A atitude do candidato foi ridícula!
   As consequências são para você enfrentar ou não. Não se esconda por trás da cortina de ferro da licença humorística. Quer expor idéias? Faça como eu, seja explícito, como eu bem farei agora!
   A verdade, é que eu não me importo. Votarei nulo. Não por que eu não conheça a proposta de nenhum candidato, pois eu conheço e reconheço até alguma que talvez me agrade. Mas é por que não faz sentido eu tomar partido em uma disputa que eu reprove por completo. Eu desaprovo o nosso regime político, e por isso não faz sentido eu me importar com as eleições.
   Maldito o dia em que derrubaram a Bastilha. Não que isso fosse algo ruim, ou ainda que o povo francês não tivesse motivo para se revoltar com o Rei Luís Dezesseis. Mas é sobre as consequências que eu me lamento. A revolução francesa acarretou no maior engano da história da humanidade: A “democracia social”. De democracia, o nosso regime não tem absolutamente nada!  Quantos dos eleitores tiveram a oportunidade de participar da votação da eleição dos candidatos apontados por cada partido? Repito aqui, a célebre frase:
“O poder de voto nada mais é do que o poder de escolher com qual tempero você será devorado.”
   De fato, que diferença faz? Estamos falando de um governo que não exerce nem mesmo 1% da sua capacidade administrativa. Você sabe o que foi o escândalo do mensalão?
   Tomamos um partido genérico A e um partido genérico B rivais entre si. Um dado dia, o partido A apresenta no plenário a proposta X. Como o partido B desgosta do partido A, apesar de considerar a proposta X muito boa, vota contra a proposta. Pela diferença de voto conseguida por influências nas coligações, a proposta X, ainda que muita boa, não consegue aprovação. Não passado uma semana, o partido B apresenta a proposta (X+0,75) – que nada mais é do que a proposta X com poucas coisas a mais. Indignados com o plágio feito pelo partido B, o partido A vota contra a proposta (X+0,75), pois não querem dar os créditos para o partido B. Sendo então, a proposta passa de mão em mão, e nunca é aprovada. Como solucionar esse problema? Simples, molhe a mão de todos os integrantes de todos os partidos com dinheiro público, sendo assim, todo mundo aprova qualquer coisa e todos vão dormir felizes. Todos vão dormir felizes? Pode ser meio difícil dormir com quinze pedaços de pizza pesando no estômago, você teria pesadelos tenebrosos. É chato, é incômodo pensar dessa maneira, mas o mensalão era uma mão na roda para tentar fazer a máquina administrativa funcionar. Essa máquina se tornou muito pesada, e ela pesa no ombro de todos nós, e mesmo nos ombros dos políticos.
   Eu poderia aqui continuar citando, diversos e diversos defeitos dessa grande ilusão chamada democracia e liberdade de expressão que muitas pessoas acreditam estar vivendo, mas eu prefiro concluir logo essa longa prosa voltando ao assunto principal. Por que se ocupar fazendo humor sobre coisa que deveríamos de encarar com uma seriedade maior? Quer provar o seu ponto? Quer ser ouvido e entendido? Mostre argumentos, levante a sua voz e fale, fale e fale!

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