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quinta-feira, 24 de março de 2011

Self

Eu bem que tentei pesquisar sobre o assunto o qual descobri já ter sido abordado no documentário Zeitgeist. Mas descobri que não viria a encontrar nada que me acrescentasse além de tudo que já fui capaz de enxergar por conta própria. Por tanto falo sobre o assunto com minhas próprias palavras.
Existem dezenas de vertentes, científicas, espirituais, religiosas e mesmo psicológicas para explicar o fenômeno do Self, mas eu prefiro adotar uma linha mais sócio-política. Dessa maneira, eu não precisarei incluir minhas próprias convicções espirituais, as quais são deveras restritas. Preferível constituir um texto a que qualquer pessoa seja capaz de ler, compreender e concordar, do que escrever de maneira que apenas uma meia dúzia possa compreender.
Durante as aulas de história, os alunos do ensino médio e fundamental são convidados a imergirem em realidades que em muito se distinguem do mundo que conhecem na atualidade. Vários costumes e hábitos do passado soam absurdos e de fundamentos incompreensíveis. Mas de todos esses confrontos ideológicos, me chamou a atenção um caso específico.
Durante uma das aulas sobre o socialismo soviético, minha professora explicava sobre como a União Soviética provia petróleo e vários outros suprimentos a qualquer outro país socialista, mesmo que não recebesse nada em troca. Um aluno inconformado levantou a mão e perguntou à professora, por que eles fariam algo como doar suprimentos se não fossem receber nada em troca? Eu voltarei na resposta dessa pergunta mais tarde.
Os anos setenta foram, dentro do século vinte, os anos da difusão do individualismo. Academias abriram para todos os lados. Todos voltados à dedicação e culto ao próprio corpo. Auto-Estima tornou-se sinônimo de boa aparência e forma física.
Conceitos consolidados pelo capitalismo, que obriga o indivíduo a desejar ser superior aos outros, buscando riquezas para despesas pessoais. O lucro se tornou a moeda chave nas relações sociais, pessoais, trabalhistas e mesmo amorosas. A mentalidade do “o que estou ganhando com isso?” tornou-se mais popular do que nunca.
  Foi então que se fez necessário construir conceitos psicológicos como o altruísmo e relacionar-lo com o tão esquecido sentimento de fraternidade. Como se o mais natural para o ser humano fosse desejar viver de maneira individualista e egoísta. (Acredito que não seja)
A que se remete a palavra Unidade: Fragmento ou União? Caso você tenha escolhido como resposta a primeira opção, é por que enxerga cada pessoa como um indivíduo isolado dentro do sistema social. Mas caso optou pelo conceito de união, é por que compreende que existe uma Unidade muita maior do que todos nós, e que abrange e comporta não apenas a humanidade, mas todos os seres vivos, assim como o universo no sentido geral.
Trabalhando em círculos de um diagrama de Venn, cada ser humano, como ser social, está incluso dentro de alguma forma de organização, grupo ou classe. Podemos exemplificar com as mais miúdas células, como o organismo familiar, composto por pais, avós, parentes, responsáveis e a prole. Até atingirmos esferas mais abrangentes, como o circulo religioso, ou mesmo a composição de uma nação (embora por vezes, seja menor do que o círculo anteriormente citado).
Estamos todos ligados por uma enorme rede, uma malha que traça as linhagens e relações que temos com todos os humanos do planeta, e também – por que não? – com todos os seres vivos. As consequências das atitudes de cada indivíduo dentro do corpo social, quando isoladas, parecem insignificantes. Mas quando analisadas em um contexto mais amplo, somadas, podem promover tanto o benefício quanto a condenação de todos nele inseridos.
Funciona na política, quando o voto de apenas um eleitor, certamente não muda o resultado da eleição, mas o voto de milhões combinados pode fazer grande diferença. É o fundamento por trás das campanhas ecológicas, onde a mudança de hábito de uma parcela significante da população, quando orientada da maneira correta, pode amenizar prejuízos ao meio-ambiente.
Muito bem, acho que já basta de exemplos sobre como a união popular pode mudar o rumo da história para o bem ou para o mal. A grande diferença está em perceber que você não depende de estar ao lado da maioria para fazer a diferença, basta tomar o lado que melhor lhe convir como o correto.
Vale à pena mudar sua atitude seguindo o que considera correto, ainda que se veja sozinho ao tomar tal direção? Particularmente, não acredito que deva existir remorso em lutar pelo que considera correto. O pulo do gato está em perceber que ao passo que o indivíduo toma a posição de mudar sua atitude da maneira que considera mais justa, já está contribuindo na sua parte para trazer melhores frutos à realidade que lhe cerca.
Estar em comunhão com a Unidade Superior (leia superioridade no sentido de abrangência, e não de posição) é um dos primeiros passos para contribuir com a evolução da mesma. Pode ser difícil a princípio para algumas pessoas que não são familiarizadas com o conceito do Self, visualizar essa como essa comunhão pode ser efetuada sem a consciência das outras pessoas deve parecer no mínimo fantasioso. (Conheço um exemplo notável)
A chave está em quebrar as barreiras impostas pelo próprio Ego. Parar de pensar apenas do que deve ser melhor apenas para você, e pensar no que deve ser melhor para todas as pessoas que lhe cercam. E mais adiante, por que não, pensar no melhor para todas as pessoas no mundo inteiro! Àqueles que não se intimidaram com essas idéias, eu sugiro que tentem entrar em comunhão com todo o universo, sem exceção.
Todo sistema é constituído por diferentes peças e componentes. No caso do Self é praticamente impossível contabilizar a infinidade de parcelas que o compõem.  Mas creio que é apenas ao passo que nos compreendemos como fragmento de uma Entidade Social Maior, que abrange toda a existência ao nosso redor, é quando compreendemos o efeito de enaltecer a nós mesmos em função de contribuir com essa Unidade Maior.
É a velha analogia das peças de um relógio. Para que um relógio funcione em sua plena precisão, é necessário que todas as pessoas estejam lubrificadas e bem ordenadas entre si. Enxergando a nós mesmos como componentes desse sistema, fica evidente a necessidade de melhorarmos a nós mesmos por dentro, para que possamos dessa maneira colaborar para a evolução e melhor operação do Todo que nos envolve.
E para aqueles que se queixarem da parcela dos outros, dizendo que pouco importa se eles mudarem sua atitude, se as outras pessoas não acompanharem, eu só tenho uma coisa a dizer: Cuide da sua parte, trabalhe com o que você pode mudar e para de querer mudar as outras pessoas! Existe um “provérbio” oriental que diz:

Quando pensar que deve sair de casa e mudar o mundo, dê três voltas em sua própria casa procurando qualquer defeito. Caso não encontrar nenhum, então não há por que se preocupar com o resto do mundo.”

Há que muitos virão a encontrar no conceito do Self a definição para muitas outras convicções filosóficas e religiosas. Poderíamos considerar o Self como sendo propriamente Deus? Teologicamente, eu afirmaria como um fragmento dele, sim. Mas àqueles que preferirem, tem outros nomes menos pragmáticos, como Consciência Universal, ou ainda Empatia Universal. Independente de seu sistema de crenças, não penso que existam pré-requisitos filosóficos para encontrar-se com o Self.
Para aqueles que já se conectaram com ele, peço que tenha paciência com seus irmãos. Cada qual tem seu tempo e há de que todos despertarão algum dia. Para isso, devemos continuar a trabalhar com nosso interior, de maneira a ajudar a iluminar o caminho daqueles que nos perseguirem futuramente.
Por último, eu respondo a pergunta de meu antigo colega de classe: Por que a União Soviética provia suprimentos aos outros países sem recebe nada em troca? Simples, por que ela sabia que era a coisa certa a se fazer.

sábado, 19 de março de 2011

Bittersweet Symphony The Verve


Pois é uma sinfonia da amargura da vida
Tente viver dentro de seus recursos
Você é um escravo do dinheiro e depois morre
Eu vou te levar pela única estrada onde já estive
Você sabe, aquela que te leva aos lugares
Onde todas as veias se encontram

Sem mudanças, eu posso mudar
Eu posso mudar, eu posso mudar
Mas estou aqui em minha forma
Estou aqui no meu molde
Mas sou um milhão de pessoas diferentes
De um dia para o outro
Não posso mudar minha forma
Não, não, não, não, não

Bem, eu nunca rezei
Mas hoje estou de joelhos, sim
Preciso ouvir alguns sons que identifiquem a dor em mim, sim
Vou deixar a melodia brilhar, limpar minha mente, me sinto livre agora
Mas as ondas do ar estão limpas e ninguém canta para mim agora

Sem mudanças, eu posso mudar
Eu posso mudar, eu posso mudar
Mas estou aqui em minha forma
Estou aqui no meu molde
Mas sou um milhão de pessoas diferentes
De um dia para o outro
Não posso mudar minha forma
Não, não, não, não, não
Não posso mudar
Não posso, mudar

Pois é uma sinfonia da amargura esta vida
Tente viver dentro de seus recursos
Você é um escravo do dinheiro e depois morre
Eu vou te levar pela única estrada onde já estive
Você sabe, aquela que te leva aos lugares
Onde todas as coisas se encontram

Você sabe que eu posso mudar, eu posso mudar
Eu posso mudar, eu posso mudar
Mas estou aqui em minha forma
Estou aqui no meu molde
E eu sou um milhão de pessoas diferentes
De um dia para o outro
Não posso mudar minha forma
Não, não, não, não, não

Não posso mudar minha forma
Não, não, não, não, não
Não posso mudar
Não posso mudar meu corpo
Não, não, não, não, não

Eu vou te levar pela única estrada onde já estive
Eu vou te levar pela única estrada onde já estive
Onde já estive
Já estive
Já estive
Já estive
Já estive
Você algum dia já esteve lá?
Você algum dia já esteve lá?


Tradução tirada daqui.

sábado, 5 de março de 2011

Carnevale – A festa da Carne

            Descendente de judeus por parte de mãe, nunca aprendi a apreciar a semana de carnaval. Nunca pulei carnaval. Não por que odeio todos os tipos de feriados religiosos, - maravilhoso estado laico esse em que vivemos, não? – mas por que meus pais foram adeptos a essa pratica. Eles sempre mantiveram a mim e minhas irmãs, trancados dentro de casa nesses períodos de festividade.
            Mortes no trânsito aumentam consideravelmente, devido ao aumento no consumo do álcool. E essa é uma das estatísticas que mantém minha família dentro de casa sem nos arriscarmos na alta estrada.
            Para muitas pessoas, o ano é dividido em duas épocas. Carnaval, e preparação para o próximo carnaval. Àqueles que não são carnavalescos, o ano é pautado pela proximidade do próximo feriado. O que vêm depois do ano novo? Carnaval, em seguida a sexta-feira da paixão, e etc.
            Não me esqueço da aula de história que tive sobre o carnaval, a Festa Vitoriana. Com seu surgimento no período da idade média, os senhores feudais, em união como clero da igreja, encontrou uma maneira inteligente de permitir aos camponeses uma forma de aliviar o estresse de um ano inteiro de trabalho e submissão.
            Uma semana antes da Quaresma – o período dentro da religião católica em que não se pode comer carne – os camponeses eram permitidos a pecarem de todas as formas que desejassem. Orgias e consumo alcoólico não compunham tão simplesmente o resumo dessa festividade, pois ela tinha também seu caráter satírico e debochado.
            Os camponeses se vestiam com roupas exuberantes – ainda que em nada se igualassem aos tecidos caríssimos dos senhores de propriedade – tinham com essa maneira, a intenção de debochar de seus patrões. A igreja era aberta, e nesta, era efetuada a missa do asno. Um deles assumia o papel de padre, enquanto todos os outros assumiam seus lugares, e todos moviam a cabeça para frente e para trás, imitando um rosnar de um quadrúpede – como os camponeses enxergavam seus mestres.
            Toda essa propriedade e significado foram deturpados e transformados em uma festividade comercial e desconexa. Como explicar os trajes de gala, com tanta pompa e exuberância? Ninguém, exatamente menos aqueles que estão envolvidos no coração de todo o movimento seriam capazes de explicar o significado dessa festa. É a festa do povo? A festa do samba? Cadê o samba?  Eu não o enxergo mais!
            Eu poderia continuar aqui delongando sobre o ultraje que essa festa representa para mim, mas dou agora voz a uma mulher que me fez lembrar o verdadeiro significado e valor da profissão dos jornalistas.
            Não mais, BOM CARNAVAL!