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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Desculpe, não havia te visto

            Depois de muito minha irmã insistir, eu sai da frente do notebook para ir à padaria comprar o pão. Eu entro no estabelecimento e encontro dificuldade para ser atendido. Todas as atendentes pereciam ocupadas demais fazendo qualquer coisa que fosse, até que uma moça muito educada perguntou se poderia me ajudar. Eu pedi por dez pães doces. Ela olhou para a prateleira, havia apenas 13 pães. Então se voltou para mim e perguntou:
            _Se importa de eu ir pegar lá de dentro? – Perguntou, caridosa.
            _Por quê? Esses pães estão frios?
            _Não, é porque se eu pegar daqui, eu vou precisar repor mais depois.
            Eu abri um sorriso enorme e não pude evitar rir, aceitei o pedido dela, já que “pão de dentro” é sempre mais quente do que os da prateleira. Quando a moça voltou, eu agradeci educadamente.
            Uma vez tendo selecionado tudo o que desejava (todos os itens da “lista” riscados) eu me direcionei ao caixa. Tentei dizer “boa tarde”, fui ignorado. Agradeci a compra, ignorado novamente. Quando estava saindo da loja, dei uma última olhada para trás, e pude ver a moça que me atendeu, sorrindo, observando o fluxo dos clientes da loja. Apesar de jovem, apesar de ter todas as outras funcionárias mandando, desmandando nela, estava sorrindo.
            Muitas pessoas vão, vem e trombam de ombros com os nossos todos os dias. Mas nunca paramos para observar-las, nem mesmo olhar-las no rosto quando andamos na rua. Olhar alguém no olho já parece ter tomado o sinônimo de ser uma forma de afronta, é “encarar” como nossas mães bem nos alertaram:
            _Não encara as pessoas na rua, é feio!
            Depende da maneira que se “encara” a idéia de olhar alguém nos olhos. Já experimentou sorrir para as pessoas na rua, todas elas, sem exceção? Em uma situação normal, vão pensar que você está sobre efeito de alucinógenos e dos bem violentos. Se for um homem de idade e estiver sorrindo para moças mais novas, vão te delatar para a polícia e ter acusar de perversão.
As pessoas não estão acostumadas a serem bem tratadas por estranhos. Correção, as pessoas estão mal acostumadas a não serem bem tratadas por estranhos. Com toda essa violência, estupros, pedófilos, ladrões, criminosos de todas as categorias, parece que não se pode confiar em mais ninguém. Como se todos os que excedem o seu conhecimento fossem potenciais criminosos que vão clonar o seu cartão e roubar a sua filha para vender nos bordeis europeus de luxo.
É claro que não se pode confiar em qualquer pessoa, mas existe também um limite para a questão de desconfiança. Não se pode desejar depositar 50 mil reais em uma conta de banco da África do sul, porque você recebeu um e-mail sobre uma velhinha que sofre de malária e precisa do dinheiro para o tratamento. O exemplo foi nítido para provar que só não vê o perigo e a necessidade de desconfiança quem não quer.
Mas eu não estou aqui para falar de paquera, ou pedofilia, ou mesmo do senhor que passa o dia inteiro sentado no boteco e que assobia todas as noites para a sua namorada. Eu estou aqui para falar das pessoas que passam despercebidas aos nossos olhos, mas não por que passam por nós no dia-a-dia sem termos tempo de sequer enxergar elas. Eu vim falar sobre a atendente da padaria, que tão bem me tratou (não, não estou apaixonado). Quero falar sobre todas as pessoas a quem ela ira atender ainda hoje, que não iram agradecer-la ou sequer olhar-la no rosto.
Garis, faxineiros, atendentes de caixa de supermercado. Outro dia fui à minha cafeteria favorita perto da universidade, e levei alguns amigos meus. Cumprimentei todos os funcionários. Mas quando vieram atender a minha mesa, eu senti agonia. Meus amigos faziam os pedidos olhando para o cardápio, e mal agradeciam quando o pedido chegava. Mais tarde, eu conversei com eles, pedindo que da próxima vez, ao menos olhassem a pessoa no rosto enquanto falam.
Talvez por um bizarro senso de classificação social, as pessoas tendem a enxergar como inferiores as pessoas que trabalham para atender a outras. Fazendo serviços que supostamente exigiriam menos estudos ou dedicação intelectual do que outras profissões, como médicos ou advogados. Já ouvi histórias sobre um homem muito bem de vida que pronunciou em uma mesa de restaurante onde levara uma bela guria:
_Pra quê agradecer um garçom? Ele só está fazendo o trabalho dele, e é bem pago para isso!
Acabou que o seu encontro levantou da mesa e nem sequer despediu dele. Pois a ele eu faria outra pergunta. Você agradece a um médico quando este te ajuda a recuperar seu joelho após um longo tratamento? Você agradece o seu advogado quando este te ajuda a não ser extorquido durante um divórcio? Caso não, você é bem ingrato. Mas caso sim, por que não faz o mesmo com o garçom que tão bem te atende? Ou você prefere buscar o seu prato na cozinha do restaurante?
O trabalho dignifica o homem, e a mulher com certeza! Nunca julgue uma pessoa pela função que desempenha. Fazemos todos parte de um só grande organismo, e uma parte não funcionaria bem sem a outra. Sem mais delongas sobre as implicações econômicas da questão, faço um breve pedido a todos. Tratem bem as pessoas à sua volta, ainda mais quando reconhecer que o seu dia não seria o mesmo sem a presença destas. Que a moça da padaria possa continuar sorrindo, e trabalhando sempre na sua felicidade inabalável.

sábado, 20 de novembro de 2010

Fala que eu estou te vendo

           Pouco tempo depois de conseguir arrumar um emprego que lhe rendia dez salários mínimos, meu pai já estava bem instalado na área de centro de processamento de dados de uma das maiores mineradoras do Brasil, a Usiminas. Lendo artigos sobre programação, ele se deparou com um artigo sobre uma nova forma de programar, um modelo moderno para a época, e tentou trazer esse novo modelo para dentro de sua área de trabalho.
            Sofreu pesada resistência e preconceito. Imaginem um rapaz de vinte e poucos tentando ditar para homens que lá trabalhavam a mais de 15 anos qual a maneira que eles deveriam de trabalhar. Depois de reconhecida a superioridade da linguagem que ele estava tentando trazer, todos os funcionários foram obrigados a aprender o novo modelo, e dessa forma meu pai foi o responsável por uma revolução de inovação e maior eficiência dentro da empresa.
        O mundo gira. Dá largas voltas. Se você não acompanhar, você dança. Você dança? Bem, existem muitas maneiras de dançar. Muitas vezes a idéia de “dançar” é conotada como “se dar mal” ou “ficar de fora”. Mas na minha perspectiva, eu diria que quem fica de fora é quem não dança de acordo com a música. Quem se dá mal é quem dança fora do ritmo, é quem não acompanha a maneira como a “banda toca”.
            Mas nem sempre temos que seguir as regras, menos ainda quando discordamos delas. Temos que buscar inovar, questionar e evoluir desta maneira. Se nos deixarmos acomodar pelo mais usual e corriqueiro, logo estaremos estagnados e vazios. As pessoas precisam de movimento, precisam estar sempre em moção. Se não elas acabam ficando para trás, obsoletas e presas a ideias que não se encaixam nas mudanças do presente.
            Esta postagem é dedicada para um vídeo que eu assisti a pouco tempo quando procurava vídeos de Popping (assunto pelo qual pouco me interesso, sabe, só por diversão). O vídeo é do showcase dos juízes de um campeonato de popping. Os dois primeiros juízes dançaram ao som das boas e velhas popping tracks (músicas especificamente apropriadas para a dança), até que não dançaram mal. Já o terceiro juiz, usou uma música totalmente inusitada e fez o impossível em uma das apresentações mais espetaculares que já vi! Fazendo Tickings ao som de um piano, e depois acompanhando a melodia em um mix de FreakOut com ToyMan. O cara foi absolutamente brilhante, tudo porque decidiu agir da maneira mais não convencional dentro do universo tão polêmico do Popping (só acho que o meu Gliding é melhor que o dele, mas ninguém pode ser perfeito).
            Muitos Popper ditos tradicionais (não desejo citar nomes) criticam pesadamente dançarinos como Salah, ou Robert Murray, por estarem saindo do estilo. Ok, eles criticam com razão, eu concordo que trickers são diferentes de dançarinos. Por mais insanamente fodas que sejam os truques que esses caras fazem, eles ignoram completamente a batida. Eu acho que já estabeleci bem o que acontece com quem sai do ritmo, certo? Mas o caso nesse vídeo é completamente diferente, o cara dançou o bom e velho popping, mas utilizando uma música que nunca se esperaria ver em uma apresentação do gênero.





            Dedico essa postagem a todos que mantém em si acesas a chama da inspiração, e força de indagação. Continuem inovando e buscando novos horizontes, SEMPRE!

sábado, 13 de novembro de 2010

Oh rapaz, fecha as asas!

            Comecei com um simples exercício onde eu prendia a minha respiração por cinco segundos e depois esvaziava meus pulmões, repeti por cinco vezes. Depois voltei a respirar normalmente seguindo um exercício de meditação simples, me concentrando na minha respiração. Aos poucos senti meus braços se perderem entre o colchão e o lençol, minhas pernas seguiram no processo. Quando senti que estava próximo do estado desejado, comecei a expandir.
            Enviei energia para todos os lados, para amigos que a muito não via, para amigos que precisam de mim, mas eu não posso estar lá para ajudar-los. Meus braços começaram a expandir (sempre começa com os braços) até que o inesperado aconteceu. Eu senti uma onda de energia me atingir pelo estômago, e logo ela se espalhou por todo meu corpo. Era o estado que eu desejava alcançar, sentindo meu corpo cada vez menos, eu projetei uma corda no teto de meu quarto e então comecei a puxar a mesma na minha imaginação. Como resultado, eu senti a pressão da corda na palma de minhas mãos, meu coração começou a bater muito forte em meu peito. Sentia como se o meu corpo fosse oco, com exceção do meu coração, que batia pesadamente em meu peito.
            Como se não bastasse o esforço para controlar o meu coração, eu ainda sentia o músculo de meus braços tentando tencionar-se. Ainda que estivesse sentindo aos poucos minhas pernas se elevarem, como que desejando deixar meu corpo sem sucesso, e mesmo quase sentindo o meu torso abandonar meu corpo, eu forcei a minha saída do transe.
            Frustrado por mais uma noite, eu decidi que já passou da hora de escrever com seriedade sobre as minhas recentes experiências. Não, eu não desejo falar sobre viajem astral, eu desejo falar sobre um assunto demais intrigante mesmo para mim (intrigante para mim? Imagino para você!). Estou a falar em um assunto que envolve a teoria da reencarnação.
            Allan Kardec afirma em seus livros (falo isso por confiança no estudo de terceiros) que ao perguntar aos espíritos superiores a respeito do universo e a maneira que se organiza, os mesmos responderam que existe diversas dimensões carnais. Como na idéia de realidades paralelas, os espíritos transitam em encarnações em diferentes mundos, e cada mundo se encontra em um diferente patamar de evolução espiritual.
            Parte-se então da premissa de que é possível para seres de outros mundos encarnarem em nosso mundo, mas na forma de vida física de um humano, ainda não seja um humano. E como denominar seres de outros mundos encarnados como humanos no mundo em que vivemos? Trato agora sobre o assunto que não posso mais ignorar dentro do universo das minhas prosas, Otherkins.
            Pouco se fala ou se comenta sobre eles, os mesmos são muito reservados. Segue aqui, o trecho retirado de um fórum paranormal a respeito do assunto:

Otherkins: é uma sub-cultura de pessoas que se identificam como não-humanos.
As essências mais conhecidas são 10.
Anjos, Demônios, Dragões, Elfos, Fadas, Harpyas, Humanos, Licantropos, Ranianos e Vampiros.

(...)

Um otherkin é basicamente uma pessoa que não consegue se adaptar as características de sua espécie e se sente deslocado no meio da sociedade. Não existe tradução literal dessa palavra para português, mas a melhor definição seria "de outra parentela" ou "de outra espécie"

Muitas pessoas que se reconhecem como otherkin acham que têm origem em outros mundos ou dimensões (isto é, nasceram neste planeta com um corpo físico mas não sentem sua essência como sendo humana e sentem que vieram de outro tempo / dimensão).

Características básicas de um otherkin:

>O sentimento comum a todo otherkin é "Não sou daqui".
>Aparenta ser mais jovem (+ ou - 5 anos).
>Se sente mais espiritual e/ou mental do que material.
>é atraí do por algum tipo de droga; usa, já usou ou pensa em algum dia experimentar.
>Tem variações bruscas de humor, por exemplo, num momento você está feliz e no minuto seguinte está super deprimido, depois fica bem de novo em pouco tempo.
>é desligado (mas não alienado).
>Não suporta sentir frio e / ou calor excessivo, ou em outros casos tem grande resistência í temperaturas extremas.
>Quando viaja prefere visitar lugares que poucos visitam, de preferência estranhos e exóticos, e quanto mais longe melhor.
>Curte chuva.
>Geralmente tem nojo de carne, principalmente vermelha, e muitos são vegetarianos.
>As vezes sente vontade de fugir para um lugar que não sabe exatamente onde fica nem o que é.
>Alguns pensam as vezes que seria melhor morrer logo (mas não necessariamente se matar).
>Sente-se atraí do por cemitérios.
>Sempre acha que vai ser parado pela polícia na rua, mesmo que não tenha motivo nenhum pra isso!
>é interessado em ufologia, filosofia, astrologia, ocultismo, magia, viagem astral ou qualquer outra ciência do desconhecido.
>Não suporta violência de qualquer espécie, é raríssimo se envolver em luta física.
>Tem aversão a pessoas rudes e grosseiras.
>Quase sempre tem conflitos de relacionamento em casa, na escola e / ou no trabalho.
Se sente deslocado em reuniões de família.
>Não se adapta as características culturais vigentes da sua cidade / país, principalmente as mais populares.
>Tem inteligência acima da média, podendo chegar a genialidade na área onde atua.
>Tem mais facilidade de se relacionar com outros otherkin.
>é ligado em artes (música, cinema, arquitetura, design etc).
>Não gosta de trabalhar em empregos normais; odeia trabalhos braçais, robóticos e mecânicos.
>Não curte academias, ginástica, musculação, exercício físico sistemático.
>Curte visual próprio e estilo único, através de roupas diferentes, cabelos coloridos, dreads, tattoo, piercing etc. Otherkin tem pavor de caretice.


            As características apresentadas acima poderiam ser agregadas a algumas específicas tribos urbanas, como os dark ou os punk. Mas é necessário separar e evitar a confusão quando se fala sobre otherkins.
Quando se tem sintomas de estar com dengue, parte-se da hipótese de que o paciente pode estar contaminado com o vírus da dengue, mas também não invalida a idéia de que ele pode estar sofrendo de qualquer outra doença cujos sintomas ainda não se manifestaram na totalidade. Ou ainda, o paciente não tem qualquer doença nem contaminação alguma, está manifestando sintomas com causas supérfluas.
Analogamente, não é por que uma pessoa possuiu as características citadas acima que ela é necessariamente vista como um potencial otherkin. Os “sintomas” acima podem ter fundamentos psicológicos completamente diferentes da que daria fundamento para apontar-lo como um otherkin. Mas também não é por que possam existir outras explicações que a possibilidade de ela ser um otherkin é invalidada.
Mas o que significa ser um ser não humano no corpo de um humano? Primeiro, se tal hipótese é real, ela validaria ou pelo menos reafirmaria ainda mais a hipótese da reencarnação ser verdadeira. Pois é um pouco difícil imaginar alguém desenvolvendo uma essência não humana dentro de um corpo humano. É claro que essa essência poderia sofrer alterações ao longo do tempo, mas para esse caso, não seria possível classificar as diferentes “mutações” em grupos pré-organizados. Pois cada essência seria totalmente distinta das outras. Estamos aqui falando de pessoas que afirmam não terem nascido completamente humanas, mas que em um dado momento em suas vidas despertaram para a sua real natureza. Humanos em corpo físico, outra coisa em corpo astral. Sim, astral. A idéia é a de que quando você se projeta no plano astral, você pode finalmente ver a sua essência, pois o seu corpo astral se distingue do de qualquer humano natural em cor, e mesmo em forma.
Como sou bom estudioso, hoje montei um dos circuitos mais chatos e confusos que já conheci de perto (embora não seja grande coisa, e a idéia fosse “roubada” de outros). A coisa não funcionou bem da maneira que eu esperava (a luminosidade não era a mais apropriada). Confuso, porém ainda contente, eu me despedi de minha colega e fui andando para casa debaixo de uma chuva leve, mas ventando frio.
Como bom estudioso que sou pretendo me projetar no plano astral, e ver com meus próprios olhos o que já afirmaram para mim, mas eu preciso poder ver com meus próprios olhos. Quanto a aqueles que se interessarem em se projetarem também, eu desejo boa sorte e que não desanimem com as sucessivas falhas e fracassos. 


http://www.ceaec.org/    http://www.viagemastral.com/

terça-feira, 9 de novembro de 2010

SELO DO INFERNO!!!

Hoje quando acessei meu blog, lih os comentários de Ro-Sha, onde ele dizia que eu recebi um selo para o meu blog.


Com orgulho e consideração eu adiciono este selo em meu blog. Não é nada demais, mas mostra mais reconhecimento do que os comentários que eu nunca recebi em meus textos pelos visitantes ocasionais... (e que eu sei que visitam o blog.. ¬¬... isso foi uma direta!)

domingo, 7 de novembro de 2010

Odeio pijamas

            Foi mais uma noite daquelas. Sonho dentro de sonho dentro de outro sonho (totalmente ao estilo “A Origem”). É cansativo. Eu durmo quase 10h horas nas noites em que esses sonhos malucos me abatem.
Eu sonhei que estava tentando dormir, mas que uma entidade sinistra não desejava me deixar dormir. Eu acabei conseguindo dormir (dentro do sonho) entrando, portanto, dentro de outro sonho, mas fui arrebatado deste, por conta da entidade sinistra do sonho anterior. Voltando ao sonho original, eu passei um dia inteiro (dentro do sonho) tentando descobrir o que era que estava tentando me impedir de dormir.
Na noite seguinte (do sonho!) eu estava tentando dormir, mas a entidade não queria me permitir, perturbava o meu sono. Eu consegui dormir novamente e sonhar, mas novamente a entidade sinistra me acordou tenebrosamente.
Na terceira noite, eu descobri qual era o mistério por trás da entidade sinistra, e era uma questão de álgebra linear! Indignado e perplexo, eu acordo para o “mundo real”, e fico ainda alguns minutos na cama tentando encontrar outro vetor para encaixar no conjunto e compor uma base para a quarta dimensão.
A temática dos sonhos veio à tona nos meus pensamentos dentro das últimas semanas. Desejava estar agora tratando de outras temáticas para o meu blog, mas é que essa daqui não tem como mais adiar.
Muitos já tentaram interpretar-los. Freud pensou se tratar de desejos íntimos reprimidos. A neurociência dos tempos atuais diz tratar de conexões aleatórias de áreas do nosso cérebro que conscientemente não estão ligadas umas às outras. O que nos permite degustar um som, ou mesmo ouvir uma paisagem.
Eu pessoalmente prefiro dar uma interpretação deveras mais esotérica ou no mínimo espírita para a coisa. Nada se relaciona a religiões ou teísmos o que estou para dizer. Trata-se apenas de uma ciência pouco explorada, sem comprovação, mas que a meu ver não é descartável. Do contrário, merece ser avaliado com muito carinho e atenção.
Muitos descrevem coisas espírito e alma como propriedades inexploráveis pela ciência empírica. Talvez de fato o seja, mas eu vou tentar tratar da idéia no campo mais filosófico possível. Utilizemos uma terminologia diferente, vamos falar sobre a consciência.
Imagine que o mundo, o universo e a realidade são compostos por dois hiper-universos distintos um do outro. Um deles representa o plano físico, o outro o plano da abstração. O plano da abstração que vou tratar como o plano onde está a nossa consciência. Sendo então, os nossos corpos são meramente projeções do plano da nossa consciência dentro do plano físico. Para ajudar a visualizar, pense nos jogos de MMORPG. O mundo virtual desses jogos representaria o plano físico, e o mundo real onde vivemos representaria o plano da nossa consciência. Desta forma, o nosso avatar dentro do jogo é nada além da nossa projeção dentro do plano virtual do jogo. E esse dito plano virtual, é o espaço e o veículo que nós temos normalmente para interagirmos com as outras pessoas, por meio dos avatares das respectivas.
Dado a analogia, fica simples imaginar o plano virtual do jogo, como o plano físico da realidade, e o plano de vida do jogador, como o plano da consciência, o plano que se projeta sobre o outro, para permitir a interação entre as pessoas. Sim, o seu corpo físico é o seu avatar. A esse ponto, você pode muito bem chamar o seu consciente de alma, caso julgue necessário. Essa é a maneira com que eu interpreto a existência como um todo. Um plano se projetando sobre outro.
Mas para aqueles que devem estar pensando:
“Espere um momento. Nos jogos online, eu tenho uma vida dentro do jogo, por meio do meu personagem, ou avatar que seja. Mas eu também sigo com uma vida completamente diferente no mundo real. Mas se o mundo real é o plano da projeção, quando é que eu vivo a minha vida no plano da consciência?”
Espero que a essa altura você já tenha encontrado a resposta. É por meio dos sonhos que vivemos a nossa outra vida! Mesmo de maneira filosófica apenas, os sonhos compõem um universo totalmente paralelo à nossa realidade compartilhada. Dentro deles, podemos tomar a forma que desejarmos. Dentro dos sonhos, tudo o que compõem o nosso universo individual ganha vida, eles fazem parte do processo que nos ajuda a construir os nossos conceitos a respeito da realidade da “vida real”. Utilizo aspas, porque em minha opinião, os sonhos são mais reais do que a vida fora deles. Não pela veracidade, mas por nos mostrarem a verdade nua e crua a respeito da nossa existência. Não existe ordem absoluta no universo. Não existe nenhum arbitro regente coordenando os acontecimentos. Estamos todos jogados soltos dentro de nossas próprias subjetividades.
A maneira com que enxergamos o mundo tem mais influência do que imaginamos. Caso acreditemos que algo seja impossível, então nunca alcançaremos tal ideal. Caso todos acreditem que os problemas que nos envolvem são incorrigíveis e irreparáveis, como é que esperamos poder melhorar a realidade que nos cerca? Não basta sonhar com melhorias, precisamos acreditar nelas, assim como acreditamos estar fazendo coisas incríveis e impensáveis, quando não tomamos consciência de estarmos meramente sonhando.
Não podemos deixar nos abater e pensar que tudo a nossa volta está fadado ao fracasso. A realidade em que vivemos é uma mentira, nossos sonhos provam isso. Não me peça que acorde para a realidade, pois peço primeiro que olhe à sua volta e me responda: “Você se lembra de como veio parar aqui?”

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quer Xupeta?

            “Mulher é bicho esquisito. Todo o mês sangra.”

            Nem sempre foi assim Rita Lee. Já houve um tempo em que as mulheres não menstruavam (ou pelo menos quase nunca). Na época em que os humanos compunham pequenos grupos de nômades, muito antes do desenvolvimento de qualquer forma de linguagem oral se não grunados e gritos. Copulando sem parar, todos os dias e noites, as mulheres não descansavam entre uma gravidez e outra. Portanto não menstruavam com frequência. Caso o fizessem, eram isoladas do grupo, pois a ocasião era interpretada como uma doença. Isoladas, essas mulheres comiam vários frutos e deixavam os caroços caírem no chão. Quando voltavam ao exílio por estarem “doentes”, percebiam que onde caíram as sementes haviam crescido plantas. E assim surgiu a agricultura. Mas esse não é o foco da minha prosa hoje. Estou aqui para falar de sexo!
            Há aproximadamente 1,5 bilhões de anos, quando o processo de abiogênese se fez completo, nossos oceanos compunham em totalidade um enorme caldo de proteínas e aminoácidos. Não se iluda com a imagem de minúsculos filamentos protéicos boiando serenamente com a correnteza. Eu estou falando de guerra! Era a feroz disputa por reproduzir-se. E quando não havia mais matéria-prima sobrando, o que restava era digerir os outros para continuar reproduzindo. Não se sabe descrever como, mas em algum ponto um conjunto de tiras de RNA foi revestido por uma malha de fosfolipídios. Por sorte (sorte?) surge a primeira célula.
            Desde o surgimento, os genes que hoje habitam suas células possuem apenas um propósito, reproduzir-se. A reprodução sexuada mostrou a sua vantagem em relação à assexuada. Pois permite que a seleção natural cumpra com o seu papel, selecionando aquele que estiver mais apto a perpetuar a espécie.
            Responsável por explicar 90% do comportamento humano, em grande parte a vida se resume na eterna busca por uma glande atritando uma vagina. Ou devo dizer pica na buceta? Que mal faz o palavreado? Não minta para mim, você pensa nisso absolutamente o tempo inteiro! Todas as nossas ações e comportamentos se justificam pela constante necessidade de agradar o sexo que nos atrai. Nossas roupas, a nossa dedicação no trabalho, nos estudos, no esporte e mesmo no lazer. As ações se justificam até mesmo pela inabilidade de conseguir sexo. Caso contrário, como explicar os jovens que passam dias na frente de um monitor jogando jogos eletrônicos? Faz mais de um ano ou dois que eu não perco mais tempo com esses joguinhos. Mas não escapo do grupo daqueles que fazem qualquer coisa para impressionar uma garota, mesmo abrir um blog e rechear-lo com os meus melhores textos. Não nego a expectativa que tenho de conquistar várias garotinhas fazendo-as pensar “ele é tão inteligente”.
            As pessoas que se deixam tomar por estes desejos tendem a conectar-se mais com sua natureza primitiva e natural (alô, ninfomaníacas!). Mas falar sobre natureza me faz pensar sobre o tempo em que as mulheres não menstruavam. Assim que o desejo sexual lhes era despertado elas já estavam transando, antes mesmo de menstruarem pela primeira vez (por vezes nunca menstruava a vida inteira, algo como 23 anos). Iniciava-se a vida sexual bem cedo, algo em torno dos dez a doze anos. Essa realidade não mudou muito ao longo dos milênios, e o casamento de homens de trinta anos com garotas de treze eram demais comuns até pelo menos quatro séculos atrás.
            Acontece que por conta de uma simples mudança de comportamento, o sexo se tornou um assunto proibido para crianças. Foi tudo muito estranho, boatos e teorias se misturam nessa história. Era costume dormir completamente nu. Mulheres costumavam dormir dividindo o mesmo quarto (dama de companhia). Mas algumas pessoas tinham vergonha de expor seus corpos, seja por conta de uma deformidade ou por uma doença de pele; e então se cobriam na hora de dormir usando alguma roupa leve – algo semelhante a uma camisola. Por macaquice (olhou e copiou) algumas pessoas aderiram à moda. Devido ao transito noturno de pessoas pela casa, as crianças facilmente tomavam a chance para distinguir as diferenças entre um pênis e uma vulva. Mas com as genitálias cobertas, ficava difícil diferenciar sexos, e mais ainda entender para que sirvam os genitais.
            Por consequência, os adultos passavam a ter vergonha de conversar com seus filhos a respeito de sexo. Surge então o esboço da infância, quando se torna necessária a distinção entre conteúdo adulto e conteúdo infantil. Separação nada saudável, ainda mais tomando em conta a facilidade de acesso ao conteúdo adulto que as crianças têm nos tempos atuais.
            No momento em que forçamos uma criança a se afastar da temática sexual, damos brecha para que ela busque esse conhecimento por conta própria. Sem orientação, essa criança pode acabar por construir conceitos demais equívocos sobre o sexo. Equívocos e erros que podem causar confusão e dúvida uma vez atingindo a adolescência. Levando a desvios de comportamento, depressão e complexos psicológicos.
            Ainda na temática do natural, pensar em como era normal crianças praticarem sexo me faz pensar em pedofilia. Há quem me diga que o termo surgiu no estudo do abuso sexual de pais para com as próprias crias. Mas em termos mais abrangentes, vamos tratar sobre marmanjos de quarenta anos que perseguem e em alguns casos se apaixonam por meninas de oito ou até seis anos de idade.
            Muito a se considerar e refletir quando pensamos e teorizamos a respeito da pedofilia. O que leva um homem a se sentir atraído por uma criança? Ainda sem mamas desenvolvidas, como podem doces e encantadoras criaturas seduzirem tantos marmanjos? Complicado. Distúrbios psicológicos, como os que são causados quando a temática sexual lhe é privada na infância? Ou talvez o natural é se sentir atraído por essas pequenas crianças? Como qualquer outro homem que nasceu e cresceu imerso na civilização ocidental, não consigo olhar para meninas do primário e enxergar algo além de anjinhos imaculáveis. Mas estariam nossos instintos inclinados para a perversão? É delicado proferir qualquer afirmação sobre o assunto.
            Pervertidos por natureza ou não, os monstros existem. Enquanto o amor pode nos inspirar a escrever os mais belos poemas, a luxúria pode nos consumir e destruir nossas vidas. Para o bem ou para o mau, todos esses sentimentos têm origem no mesmo princípio. Antes de sociais, somos animais sexuais, o resto é consequência. 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Seleção Natural?

            Ainda que não na devida frequência, por vezes eu penso sobre meu futuro e meus sonhos. Já me imaginei um engenheiro renomado e admirado. Um verdadeiro criador de maravilhas inimagináveis. Casado, dois filhos, morando em uma casa a qual eu mesmo teria projetado, arquitetado e preenchido com minhas criações. Imaginava-me como um verdadeiro Tony Stark.
            Quando jovens, o nosso futuro parece uma promessa distante, quase inalcançável. Torna-se fácil fazer promessas de mudanças para o tempo em que nunca imaginamos chegar. Mas um dia o tempo cumpre o seu papel e nos força a decidir por qual caminho tomar. Será que fomos preparados para este momento? Será que estamos preparando os nossos jovens para escolher suas profissões?
            Estou no primeiro período de engenharia elétrica, e já fui responsabilizado pela criação de um carrinho que siga a luz por conta própria. Empolgado com o projeto, já o desenvolvi em completo na teoria, fiz os componentes funcionarem dentro da minha arbitrariedade, mas não terminei o protótipo. Entusiasmado como não estive em um bom tempo, eu pareço estar finalmente começando a fazer aquilo que sempre sonhei; fabricar robôs. Sempre tive para mim uma visão poética a respeito dos ditos cientistas malucos, enfurnados em um laboratório por semanas seguidas. Excêntricos, porém ainda assim admirados por todos.
            Quando criança, meu pai (engenheiro elétrico, por não coincidência) me comprou uma protoboard que tem o dobro do tamanho das usualmente encontradas (são duas unidas em uma). E me ensinou a brincar com letreiros digitais, daqueles que se escreve usando sete leds em forma de traço de maneira a compor um oito na sua totalidade. A partir deles, eu escrevia qualquer número, e até mesmo algumas letras. Uma vez preparados o enorme emaranhado de fios, eu apertava um botão e um número aparecia. Apertava o botão novamente e o número se apagava. Até mesmo alguns chips eu cheguei a utilizar. Eu tinha nove anos de idade.
            Aos dezesseis, a minha paixão por dispositivos eletrônicos retornou quando tive de desenvolver um solenóide para servir de campainha. Sem temer exageros, peguei um bastão de ferro de dois centímetros de grossura e vinte centímetros de comprimento. Enrolei nele algo em torno de um metro de fio de cobre de 0,9 milímetros. Era um belo de um imã, potente que só vendo.
            Ainda que bem determinado para prestar o vestibular, eu me sentia desmotivado pela dúvida. Duvida que só surgiu quando comecei a escrever meu primeiro livro. Duvida que cresceu durante o meu pré-vestibular, quando fiz muitas amizades com “pessoas de humanas”.
            Com um bocado maior de maturidade a respeito do assunto, hoje eu diria que não existe tal coisa como ser uma pessoa de exatas ou humanas ou biomédicas. Pessoas são pessoas, somos feitos de várias ideias, e não apenas de um conjunto limitado de ideias. As pessoas têm interesses diversos, desejos diversos, sonhos diversos. Não podemos julgar alguém de maneira tão categórica e dividida.
            O que me leva a pensar sobre a forma com que forçamos nossos jovens a escolher por qual caminho tomar, para qual face de sua personalidade ele deve dar maior valor. Mas será que estamos dando a esses jovens as ferramentas certas para escolher que caminho ele deseja seguir para o seu futuro?
            Quando penso sobre nossas escolas, me enojo. Não pelas recordações pessoais, estas estão quase que completamente bloqueadas de minha memória (por conta dos maus bocados que lá enfrentei). Penso sobre como o conceito de estudo parece ter sido totalmente deturpado. Estudar, nada se relaciona a encarar a nuca de crianças da mesma idade por quatro horas e meia enquanto se anseia pela hora de voltar para casa e jogar videogame. Voltando um pouco para as minhas memórias pessoais, meu ensino fundamental e médio se resumiu a isso, ansiedade e desespero; impaciência, angústia! Não há quem possa suportar pelas horas e horas de aulas enfadonhas e desinteressantes. Pelo contrário do que possa pensar, eu era um bom aluno, tirava notas boas. Mas tudo por conta da minha capacidade de engolir enormes amontoados de conhecimento, e vomitar-los em uma folha na qual estava escrito:

            “Lembra daqueles assuntos os quais lhe falei em minhas aulas, e os quais você sublinhou-os em seus livros? Despeja-os aqui, o máximo que puder lembrar.”

            Para depois me esquecer em 99%, tudo o que supostamente deveria ter aprendido. Mas ora, que há de aprendizado nisso? Estudo, o verdadeiro estudo, começa quando se deseja obter um determinado conhecimento, é quando se reconhece a necessidade de um conhecimento, e então você persegue esse conhecimento. O estudo vem da necessidade de resolver um problema, ou de compreender melhor sobre um assunto.
            Eu sou um estudioso, mas nunca estudei na escola. Estudo sobre o que me interessa, e quando se trata de aprendizado, conhecimento nunca me falta. Vou tratar o assunto agora de uma maneira demais cretina ou inusitada (no mínimo). Que dizer ou pensar sobre os “Gamers”? Quanta injustiça eu vejo, mães que vêem seus filhos o dia inteiro na frente do computador jogando “joguinhos” e ainda dizendo que seus filhos nunca estudam. É deveras cego quem faz tal afirmação, pois saiba que seus filhos são verdadeiros estudiosos, da classe dos mais dedicados o impossível!
            Eles sabem tudo! Absolutamente tudo a respeito dos games. Muitos deles se tornam especialistas na área. Verdadeiros doutores sobre o assunto. Escrevem artigos, publicam pesquisas, discutem em fóruns e até mesmo dedicam prêmios dignos de prêmios acadêmicos para os maiores conhecedores e estudiosos dedicados para a área.
            Antes que me julgue (ou os julgue) pense que conhecimento é conhecimento. Não se pode olhar para um ou outro e dizer quem é melhor. Mesmo revista de fofoca traz algum conhecimento, mas cabe a nós decidirmos qual conhecimento devamos buscar.
            O que volta à pergunta original. Como saber se estamos dando aos nossos jovens as ferramentas para buscar o conhecimento por conta própria? Talvez, se deixarmos de forçar tanto conhecimento goela à baixo, eles poderão ter maior espaço e liberdade para escolher por conta própria, basta que forneçamos recursos para eles. Não existe maior incentivo do que a liberdade de escolher por cumprir ou não cumprir com os nossos desejos.