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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Magia dos Balões

   É a clássica cena hollywoodiana a respeito dos parques de diversões. A criança chora, esperneia, grita e não para até que o papai compre outro balão. O responsável pela criatura o faz com relutância. Pois sabe que é apenas questão de tempo, para que o balão escape das mãos do guri novamente.
   É a fantástica parábola da vida. A terra do estase e da adrenalina. Onde a sua alegria só dura o tanto quanto o seu dinheiro é capaz de rendar, ou seja, até a hora do parque fechar.
   É a fabulosa doutrina capital. Onde a sua felicidade é medida pela quantidade, e não pela qualidade. Carro, bicicleta, videogame, MP10, DVD, televisão, e três ingressos para o show de sua banda de axé favorita. Quanto do mais é melhor, não importa o que seja. Até livros podem entrar para a contabilidade. Ainda que você não os leia, eles fazem volume na prateleira.
   Mas eu não estou aqui para falar sobre livros, ou sobre carros ou sobre bandas de axé. Eu estou aqui para falar sobre balões! Não te aflijas menino! Não é mágica nem feitiçaria, mas pura aplicação das leis da física!
   O hélio dentro do balão é um gás mais leve do que o ar. Os gases mais pesados são constantemente puxados para baixo, permitindo destacar para o alto, as substâncias mais leves, como a que se encontra dentro do balão. É a maravilhosa lei da gravidade que condena muitos a cair, enquanto reserva a poucos o privilégio de ascender aos céus.
   Futebol, xadrez, pintura, aquelas aulas de ortografia japonesa ou mesmo um simples manual de origami. As crianças são incentivadas a desenvolverem seus lazeres, mas não são permitidas a tomarem tais como compromisso.
   Segurando-o por uma fita colorida, a criança observa o balão cintilar ao bel-prazer do vento. Mas chega o momento em que seus pais o pedem para soltar o balão. Pois chegou a sua hora de entrar na montanha russa. Montanha russa que geralmente recebe o nome de “vida adulta”.
   E então, abandonando seus sonhos e ambições infantis, a criança solta o balão. Embora ela saiba que nada a espera no brinquedo senão adrenalina, angústia e a incontrolável vontade de gritar, ela solta o balão. A verdade é que a criança gostaria de ser como o balão, livre para subir até os limites do céu.

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