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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quer Xupeta?

            “Mulher é bicho esquisito. Todo o mês sangra.”

            Nem sempre foi assim Rita Lee. Já houve um tempo em que as mulheres não menstruavam (ou pelo menos quase nunca). Na época em que os humanos compunham pequenos grupos de nômades, muito antes do desenvolvimento de qualquer forma de linguagem oral se não grunados e gritos. Copulando sem parar, todos os dias e noites, as mulheres não descansavam entre uma gravidez e outra. Portanto não menstruavam com frequência. Caso o fizessem, eram isoladas do grupo, pois a ocasião era interpretada como uma doença. Isoladas, essas mulheres comiam vários frutos e deixavam os caroços caírem no chão. Quando voltavam ao exílio por estarem “doentes”, percebiam que onde caíram as sementes haviam crescido plantas. E assim surgiu a agricultura. Mas esse não é o foco da minha prosa hoje. Estou aqui para falar de sexo!
            Há aproximadamente 1,5 bilhões de anos, quando o processo de abiogênese se fez completo, nossos oceanos compunham em totalidade um enorme caldo de proteínas e aminoácidos. Não se iluda com a imagem de minúsculos filamentos protéicos boiando serenamente com a correnteza. Eu estou falando de guerra! Era a feroz disputa por reproduzir-se. E quando não havia mais matéria-prima sobrando, o que restava era digerir os outros para continuar reproduzindo. Não se sabe descrever como, mas em algum ponto um conjunto de tiras de RNA foi revestido por uma malha de fosfolipídios. Por sorte (sorte?) surge a primeira célula.
            Desde o surgimento, os genes que hoje habitam suas células possuem apenas um propósito, reproduzir-se. A reprodução sexuada mostrou a sua vantagem em relação à assexuada. Pois permite que a seleção natural cumpra com o seu papel, selecionando aquele que estiver mais apto a perpetuar a espécie.
            Responsável por explicar 90% do comportamento humano, em grande parte a vida se resume na eterna busca por uma glande atritando uma vagina. Ou devo dizer pica na buceta? Que mal faz o palavreado? Não minta para mim, você pensa nisso absolutamente o tempo inteiro! Todas as nossas ações e comportamentos se justificam pela constante necessidade de agradar o sexo que nos atrai. Nossas roupas, a nossa dedicação no trabalho, nos estudos, no esporte e mesmo no lazer. As ações se justificam até mesmo pela inabilidade de conseguir sexo. Caso contrário, como explicar os jovens que passam dias na frente de um monitor jogando jogos eletrônicos? Faz mais de um ano ou dois que eu não perco mais tempo com esses joguinhos. Mas não escapo do grupo daqueles que fazem qualquer coisa para impressionar uma garota, mesmo abrir um blog e rechear-lo com os meus melhores textos. Não nego a expectativa que tenho de conquistar várias garotinhas fazendo-as pensar “ele é tão inteligente”.
            As pessoas que se deixam tomar por estes desejos tendem a conectar-se mais com sua natureza primitiva e natural (alô, ninfomaníacas!). Mas falar sobre natureza me faz pensar sobre o tempo em que as mulheres não menstruavam. Assim que o desejo sexual lhes era despertado elas já estavam transando, antes mesmo de menstruarem pela primeira vez (por vezes nunca menstruava a vida inteira, algo como 23 anos). Iniciava-se a vida sexual bem cedo, algo em torno dos dez a doze anos. Essa realidade não mudou muito ao longo dos milênios, e o casamento de homens de trinta anos com garotas de treze eram demais comuns até pelo menos quatro séculos atrás.
            Acontece que por conta de uma simples mudança de comportamento, o sexo se tornou um assunto proibido para crianças. Foi tudo muito estranho, boatos e teorias se misturam nessa história. Era costume dormir completamente nu. Mulheres costumavam dormir dividindo o mesmo quarto (dama de companhia). Mas algumas pessoas tinham vergonha de expor seus corpos, seja por conta de uma deformidade ou por uma doença de pele; e então se cobriam na hora de dormir usando alguma roupa leve – algo semelhante a uma camisola. Por macaquice (olhou e copiou) algumas pessoas aderiram à moda. Devido ao transito noturno de pessoas pela casa, as crianças facilmente tomavam a chance para distinguir as diferenças entre um pênis e uma vulva. Mas com as genitálias cobertas, ficava difícil diferenciar sexos, e mais ainda entender para que sirvam os genitais.
            Por consequência, os adultos passavam a ter vergonha de conversar com seus filhos a respeito de sexo. Surge então o esboço da infância, quando se torna necessária a distinção entre conteúdo adulto e conteúdo infantil. Separação nada saudável, ainda mais tomando em conta a facilidade de acesso ao conteúdo adulto que as crianças têm nos tempos atuais.
            No momento em que forçamos uma criança a se afastar da temática sexual, damos brecha para que ela busque esse conhecimento por conta própria. Sem orientação, essa criança pode acabar por construir conceitos demais equívocos sobre o sexo. Equívocos e erros que podem causar confusão e dúvida uma vez atingindo a adolescência. Levando a desvios de comportamento, depressão e complexos psicológicos.
            Ainda na temática do natural, pensar em como era normal crianças praticarem sexo me faz pensar em pedofilia. Há quem me diga que o termo surgiu no estudo do abuso sexual de pais para com as próprias crias. Mas em termos mais abrangentes, vamos tratar sobre marmanjos de quarenta anos que perseguem e em alguns casos se apaixonam por meninas de oito ou até seis anos de idade.
            Muito a se considerar e refletir quando pensamos e teorizamos a respeito da pedofilia. O que leva um homem a se sentir atraído por uma criança? Ainda sem mamas desenvolvidas, como podem doces e encantadoras criaturas seduzirem tantos marmanjos? Complicado. Distúrbios psicológicos, como os que são causados quando a temática sexual lhe é privada na infância? Ou talvez o natural é se sentir atraído por essas pequenas crianças? Como qualquer outro homem que nasceu e cresceu imerso na civilização ocidental, não consigo olhar para meninas do primário e enxergar algo além de anjinhos imaculáveis. Mas estariam nossos instintos inclinados para a perversão? É delicado proferir qualquer afirmação sobre o assunto.
            Pervertidos por natureza ou não, os monstros existem. Enquanto o amor pode nos inspirar a escrever os mais belos poemas, a luxúria pode nos consumir e destruir nossas vidas. Para o bem ou para o mau, todos esses sentimentos têm origem no mesmo princípio. Antes de sociais, somos animais sexuais, o resto é consequência. 

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