Páginas

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Apenas um Passeio


Eu vi a neblina, vi pela primeira vez. Creio que deva ser uma sensação como essa a impressão de ver o mar pela primeira vez. Eu cutuquei meu amigo e fiz questão de explicitar a todos minha enorme felicidade de ver a neblina pela primeira vez. Sobre os morros, cobrindo a copa das árvores. O carro passou por debaixo dela, e eu pude ver tudo ao redor tomado por uma nuvem cinzenta.
A paisagem de montanhas me atrai muito mais do que as praias de meu estado. Talvez por que eu moro a poucos quarteirões da praia mais poluída de minha cidade, na qual tanto fui carregado em minha infância. Talvez as melhores e mais belas paisagens sejam justamente as que de nós se encontram distantes. Talvez tenhamos como belo, justamente as coisas das quais não podemos encontrar tão facilmente. Por vezes colocamos dificuldades à nossa frente, de maneira a tornar mais gratificante e saboroso o momento em que alcançamos nossos objetos de desejo.
Foi o melhor final de semana em muitos meses – dentre os que não incluem a “companhia” de uma figura feminina. Joguei tennis, sinuca, e AOE2. Entrei na piscina, na banheira de hidromassagem e na sauna seca. Comi pizza caseira e uma lasanha que desafiou meu estômago – fiquei triste de ver a travessa pela metade, mas não ter lugar para esta comer. Escrevi, li e ainda meditei. Eu poderia passar uma semana inteira naquele lugar tão bucólico e pacífico. Mas infelizmente, este não tinha internet.
Geni e o Zepelin. Muitos interpretam essa belíssima música de Chico Buarque como uma sátira a respeito de um Salvador, seja qual for este. Tomam Geni como Jesus, mas eu prefiro ampliar a visão, e pensar como se fosse qualquer salvador em termos mais amplos.







Bill Hicks, um dos meus comediantes favoritos – fato que já mencionei aqui. Em seu apelo final, me encerramento de um de seus mais famosos shows, ele faz questão de trazer uma mensagem deveras muito significativa para a platéia. Ele tratou daqueles, que em minha opinião, são os verdadeiros salvadores. As pessoas que tentam nos mostrar como nossa vida é efêmera, e como não podemos nos iludir com sensações de status e felicidade material.
Eu poderia passar muito mais com que uma semana naquele sítio. Sou grato pelo convite feito amigo de longa data, a partilhar com ele aquele espaço de calmaria de restauração. Mas assim foi bem lá que decidi escrever essa postagem, pois foi quando percebi que não me lamentei na hora de retornar à cidade – mais por canta da internet. Pois só quando em minha casa cheguei, é que tive ganhei a consciência. Foi apenas um passeio, e assim ele deve permanecer. Por mais que aquele lugar possua quase tudo que eu gostaria de desfrutar pelo resto da eternidade – vocês bem sabem o que estava faltando – lá eu não poderia me esconder para sempre. Foi apenas um passeio, assim como a vida, na descrição de Bill Hicks. Mais vale pontuar nossa existência pela eternidade a nos prender nas alegrias efêmeras.

Um comentário:

  1. A vida é feita destes passeios...
    Logo, percebemos o quão bom é, e pensamos em passar o resto de nossos dias vivendo nesse sonho, mas esse sonho um dia acaba... O que era maravilhoso torna-se só mais uma torturante rotina...
    Devemos todos seguir em busca de nossos reinos... Ousar ter sonhos difíceis, pois o que torna a vida melhor não é a realização de um sonho simples, e sim os vários passos até chegar a um sonho ousado...
    Na minha opinião, isso é viver...
    Façamos então, como Bill Hicks disse!
    Não deixemos o medo nos contrlar, e vamos nos entregar ao amor...

    ResponderExcluir