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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Para não dizer que não falei de fezes

  Existe um evento da cultura brasileira que se repete a cada dois anos. A poluição aumenta consideravelmente na forma residual, auditiva, visual e intelectual. Debates políticos se tornam corriqueiros entre cidadãos comuns, ainda que os mesmos tenham ignorado as notícias sobre o assunto durante todo o período externo a este evento. Não os culpo, eles são forçados a isso.
   Processo Eleitoral. A festa da democracia, no sentido mais literal possível. Pois não apenas parece uma festa, mas a de fato é! Comícios, festas, brindes, presentes e convidados especiais. A impressão que tenho, é de que os candidatos gastam mais tempo e dinheiro se promovendo para os eleitores, do que trabalhando para atender aqueles que tanto se esforçou para entreter.
   Direito ou obrigação? Os dois. É um direito que lhe é forçado pela goela. Surge uma onda, uma febre, onde todos se tornam especialistas e exímios peritos no assunto. Mas a maioria o faz por obrigação, e não por direito. Elas se sentem forçadas a tomar partido e opinião sobre um assunto o qual são habilmente instruídas a não pensar sobre (pelo menos não diretamente.
   Poder de cidadania se resume em operar valores premeditados em uma urna? Valores não apenas em números, mas em valores sociais. A democracia se restringe à eleição? Não haveria forma de o cidadão tomar a voz, ainda que sem estar em posse de seu título de eleitor?
   A imprensa tem um papel muito especial nesse festival. Durante o período externo à eleição, ela bombardeia a população com notícias sobre a má qualidade do sistema de saúde, educação, transporte e a falta de segurança. Mas curiosamente, ela nem sempre faz questão de enfatizar a quem compete à responsabilidade de resolver problemas dessa natureza. Portanto os jornais nada mais incentivam se não a insatisfação e o medo por parte da população. Medo sem atitude, insatisfação cômoda. Mas durante o período das eleições, ela não simplesmente intensifica o seu papel de “denúncia”, mas faz questão de transformar em estatística e em gráficos todas as notícias dos períodos passados. Sendo, portanto, uma forma de incentivar o cidadão a procurar por um candidato que resolva tais problemas. Muito bonito, interessante. Mas será que o momento de reclamar é apenas na época de eleições? O poder de voto parece ser visto pela população como um balançar de uma varinha mágica, onde resolver os problemas ou não se resume a uma questão de boa escolha. Mas caso você girar a varinha errado, o feitiço pode falhar, ou mesmo se voltar contra você. Parece muito falho e impreciso, precisa haver outra meneira.
   Marxistas de carteirinha teimam em dizer:
“Já passou da hora das massas assumirem o poder!”
A massa cinzenta de quem clama tal alegação parece tender mais para massa de bolo à massa cerebral. Um boló de ideias obsoletas e experimentalmente (e na prática também) provadas como falhas. Muito se clama por uma revolução na sociedade. Particularmente, creio ser necessária uma revolução na mente dos homens, para depois mudar o sistema.
   Quando se precisa reivindicar por melhorias no seu bairro, que atitude o cidadão toma? Espera pela próxima eleição para procurar um candidato que atenda os seus pedidos (arriscando não encontrar nenhum)? Não há tempo para esperar, político bom não cai do céu. Devemos de organizar a nossa comunidade, debater os nossos problemas e exigir não apenas nossos direitos, mas atitude por parte dos governantes!
   As massas não precisam tomar o poder, mas exercer o poder que já lhe compete. Precisamos abrir as nossas mentes, e atentar para as oportunidades que vão além das eleições. Meu voto, eu já decidi. Nulo para todos os cargos. Prefiro exercer minha cidadania de outra forma, muito obrigado.

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