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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Neo, o Escolhido

Me assombro perante à imagem de um clássico Nerd. Corpo miúdo e flácido. Movimentos rápidos e precisos. Variadas habilidades manuais como desenhar e esculpir origamis infimamente detalhados. Até mesmo para dançar ele leva jeito, fato que estou colocando à prova.
            Sem dúvida o rapaz tem seus talentos, desde a veloz formulação de piadas infames, até o bom manuseio com equações diferenciáveis. Mas não são as coisas que enxergo nele que me espantam. Ele tem tantas ilimitações quanto eu. Meu susto é a respeito das coisas que ele não diz, mas eu percebo.
            Ele se parece mais comigo do que eu mesmo. Olhar para ele é como olhar para o meu interior. Pois nossas essências são equivalentes, porém ele o transparece com maior frequência.
            Não são pelas coisas que ele voluntariamente me mostra, mas pelo o que ele arbitrariamente decide por esconder, sem sucesso. Ele guarda a lupa no bolso, como o garoto paciente que é, enquanto observa a coluna de formigas transitarem pelo chão. Ao lado dele, eu bato a lupa no queixo balançando-a com a mão. Embora eu ainda não tenha queimado nenhuma formiga (por inteiro), minha indecisão perdura. Já ele, se mantém firme na posição de um mero expectador, que volta e meia solta um comentário:
            _Porque as pessoas escolhem por manter seus olhos vendados?
            _Elas encontraram uma parede espelhada e pensaram ter visto a luz de frente.
            _Sabendo disso, por que você ainda não virou a esquina e a encarou?
            _Meus olhos são sensíveis, se esqueceu, Anderson?

Post dedicado e um recém novo amigo que adquiri ao ingressar na faculdade.

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