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sábado, 5 de março de 2011

Carnevale – A festa da Carne

            Descendente de judeus por parte de mãe, nunca aprendi a apreciar a semana de carnaval. Nunca pulei carnaval. Não por que odeio todos os tipos de feriados religiosos, - maravilhoso estado laico esse em que vivemos, não? – mas por que meus pais foram adeptos a essa pratica. Eles sempre mantiveram a mim e minhas irmãs, trancados dentro de casa nesses períodos de festividade.
            Mortes no trânsito aumentam consideravelmente, devido ao aumento no consumo do álcool. E essa é uma das estatísticas que mantém minha família dentro de casa sem nos arriscarmos na alta estrada.
            Para muitas pessoas, o ano é dividido em duas épocas. Carnaval, e preparação para o próximo carnaval. Àqueles que não são carnavalescos, o ano é pautado pela proximidade do próximo feriado. O que vêm depois do ano novo? Carnaval, em seguida a sexta-feira da paixão, e etc.
            Não me esqueço da aula de história que tive sobre o carnaval, a Festa Vitoriana. Com seu surgimento no período da idade média, os senhores feudais, em união como clero da igreja, encontrou uma maneira inteligente de permitir aos camponeses uma forma de aliviar o estresse de um ano inteiro de trabalho e submissão.
            Uma semana antes da Quaresma – o período dentro da religião católica em que não se pode comer carne – os camponeses eram permitidos a pecarem de todas as formas que desejassem. Orgias e consumo alcoólico não compunham tão simplesmente o resumo dessa festividade, pois ela tinha também seu caráter satírico e debochado.
            Os camponeses se vestiam com roupas exuberantes – ainda que em nada se igualassem aos tecidos caríssimos dos senhores de propriedade – tinham com essa maneira, a intenção de debochar de seus patrões. A igreja era aberta, e nesta, era efetuada a missa do asno. Um deles assumia o papel de padre, enquanto todos os outros assumiam seus lugares, e todos moviam a cabeça para frente e para trás, imitando um rosnar de um quadrúpede – como os camponeses enxergavam seus mestres.
            Toda essa propriedade e significado foram deturpados e transformados em uma festividade comercial e desconexa. Como explicar os trajes de gala, com tanta pompa e exuberância? Ninguém, exatamente menos aqueles que estão envolvidos no coração de todo o movimento seriam capazes de explicar o significado dessa festa. É a festa do povo? A festa do samba? Cadê o samba?  Eu não o enxergo mais!
            Eu poderia continuar aqui delongando sobre o ultraje que essa festa representa para mim, mas dou agora voz a uma mulher que me fez lembrar o verdadeiro significado e valor da profissão dos jornalistas.
            Não mais, BOM CARNAVAL!


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