Páginas

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Torcidas organizadas

   

            É recorrente e usual que me façam perguntas de todos os gêneros, quando sou apresentado a um novo conhecido.

“Qual é o seu nome?”
“Qual a sua idade?”
“Nossa! Como você é grande! Qual a sua altura?”
“Você é gatinho. Qual é o seu telefone?”
“Para qual time você torce?”
Ao ponto em que me fazem essa última pergunta, o meu desejo é de responder: “Sou heterossexual!”, e apenas.  Porém nem sempre é a expectativa de que seja dada uma resposta criativa e divertida para uma pergunta desse gênero. Pois na sociedade em que vivemos, o seu time de futebol pode lhe render mais preconceito do que sua opção sexual. Passa a ser então, uma pergunta de teor crucial, ao ponto de determinar o sucesso ou não de futuras amizades.
Exagero? Oh, acredite, já vi amizades enfraquecerem por conta de rixas futebolísticas. Mas não são bem as inimizades pessoais que de fato me preocupam. O exagero é tal, que faz multidões entrarem em guerra, por causa de um time de futebol.
Esses barões, senhores donatários de clubes e estádios, eles nadam com o dinheiro adquirido na indústria do maior espetáculo nacional. Oito meses de aflição. Oito meses onde a maior preocupação do trabalhador brasileiro é a posição do seu timão na tabela do brasileirão.
Há que idolatrar seus jogadores favoritos, por si só, não faz mal. Se existem heróis nacionais, não são aqueles dos livros de história, mas os jogadores que trouxeram o título da Copa Mundial à Seleção Brasileira.
Mas eis que o fanatismo nos leva à tormenta. Quando a lei da competição exige a vitória, não importa o esforço que leve, não importa o suor que gaste; o sangue jorra. Jorra sangue na tela da televisão brasileira, mas não é o sangue dos jogadores incompetentes, mas dos torcedores que comemoram a vitória, em frente ao bar do rival.
A que ponto alguém pode dize, que ama seu time incondicionalmente? A que ponto alguém pode ME obrigar, a tomar partido em um banho de sangue?
Eu costumava ser flamenguista, ainda que dos bem relapsos. Mas hoje, eu torço é para time nenhum. Pois o flamengo é o time cujas derrotas ou vitórias causam mais mortes pelo Brasil afora. Se o time perde, os torcedores vão à rua, e morre quem estiver com a camisa do adversário. Se o time ganha, é o torcedor do próprio que amanhece com formiga na barriga, e a língua no chão.
Prefiro ser indiferente, e observar esse massacre espetáculo de longe. BEM longe.

Artigo sobre o assunto:
Reportagens e outras notícias:
Outro Blog sobre o mesmo assunto

Um comentário:

  1. Eis o Panem et circenses do Brasil. Futebol é o circo. Cerveja Skol (barata e feita de arroz) é o pão! Sim, meus caros.

    ResponderExcluir